
O Papel dos Aerogramas

Exposição
O Papel dos Aerogramas.
Para a abertura da exposição, em 26 de Novembro de 2005, realizou-se um seminário que contou com a presença dos investigadores Dr. Luís Moreira Barreiros e Dr. Eduardo Moreira Barreiros, através de uma apresentação sobre A História do serviço Militar, da presença do responsável científico do Museu da Guerra Colonial, Dr. José Manuel Lages, com uma comunicação sobre o tema Guerra Colonial: suportes em papel nas várias formas de comunicar, e por fim, da participação da Directora do Museu do Papel, Dra. Maria José Santos, que ao desenvolver o tema Aerogramas: marcas de água e papel como suporte de escrita, deu um contributo para a reflexão sobre a História do Papel em Portugal, a partir das marcas de água contidas nos aerogramas militares.
Sessão de abertura do Seminário
O Papel dos Aerogramas no contexto da Guerra Colonial.
A sessão de abertura e encerramento foram proferidas, respectivamente, pelo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira e pelo Sr. Vereador do Pelouro da Educação, Cultura, Desporto e Juventude.
O seminário O Papel dos Aerogramas no contexto da Guerra Colonial contou com a presença de um elevado número de ex-combatentes da guerra colonial, oriundos de diferentes regiões do país, e da representação de várias Associações Nacionais de Ex-Combatentes, do Presidente da Associação dos Deficientes das Forças Armadas, e do Presidente da Direcção Central da Liga dos Combatentes, General Chito Rodrigues.
A exposição O Papel dos Aerogramas, contextualiza os aerogramas no cenário da guerra colonial e, simultaneamente, revela a beleza das marcas de água desses papéis que, dobrados sobre si mesmos, guardaram promessas de amor, angústias ou sonhos e, tantas vezes, fantasmas e medos.
As marcas de água constituem em si mesmas informações preciosas, quer a nível de referência às fábricas produtoras quer a nível das gráficas onde foram impressos os aerogramas, ou seja, este estudo constitui igualmente um contributo para a História do Papel em Portugal e das Marcas de água Portuguesas no século XX.

Grande parte destes aerogramas chegaram ao museu pelas mãos de ex-combatentes da guerra colonial, ou familiares, salientando-se o depósito de trezentos aerogramas pertencentes a uma colecção privada, propriedade do Dr. Marcelo Marques de Paços de Brandão.
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Aerograma militar, papel cor azul, 40g, marca de água ORBIS. | Aerograma não militar com litografia “a apanha do café”, 40g. |
Após o estudo e levantamento das marcas de água, foram identificadas as fábricas de papel que, entre 1961 e 1974, produziram papéis de 40g, azuis e amarelos, para aerogramas. Entre elas, a Fábrica de Papel da Lousã da Companhia de Papel do Prado, fundada em 1714, a Fábrica de Papel de Azenha, Sandim, Vila Nova de Gaia, fundada em 1962, e a Fábrica de Papel da Abelheira, Tojal, Loures, fundada em 1841, no lugar do antigo moinho de papel de 1755 dos frades de S. Vicente de Fora.
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Aerograma militar, papel cor azul, 40g, marca de água PRADO BOND | Aerograma militar, papel cor amarelo, 40g, marca de água EXTRA AZENHA/ PORTUGAL |
Com o fim da Guerra Colonial, encerra-se um período que marcou profundamente os Portugueses ao longo de treze intermináveis anos.
Em folhas de papel cor pálida, dia a dia, a saudade foi lida e contada. Na intimidade, medo, angústias e promessas de amor foram guardados.
Histórias vivas, que de tão guardadas, permanecem.
